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Nutrição de plantas: o que é, suas funções, dicas e conceitos importantes sobre o tema para entender e aplicá-los em campo!

 

A nutrição de plantas é a base para alcançar altas produtividades, sendo que a fertilidade pode impactar cerca de 60% da produtividade agrícola.

Além disso, uma boa nutrição possibilita que os materiais genéticos desenvolvidos, apresentem no campo seu máximo potencial produtivo e estejam menos suscetíveis a pragas, doenças e plantas daninhas.

Pensando nisso, separamos alguns conceitos e informações práticas sobre a nutrição de plantas que você precisa conhecer para ter sucesso em suas recomendações.

Portanto, aproveite este artigo para relembrar alguns conceitos e alcançar altas produtividades no campo. Confira!

Nutrição de plantas: o que é essencialidade?

A nutrição de plantas, pode ser comparada como a base na construção de uma casa.

Se a base não for bem feita, mesmo que o restante do projeto seja bem executado, ocorrerão problemas futuros.

A base para uma boa nutrição de plantas, é compreender o que são os nutrientes e sua essencialidade.

De uma forma bem simples, o nutriente nada mais é que o alimento das plantas. Pois é por meio da junção de vários nutrientes, que ela consegue realizar seus processos vitais.

Dentre os muitos nutrientes disponíveis na natureza, alguns são considerados essenciais para as plantas.

Para você relembrar quais os critérios são utilizados para determinar se um nutriente é essencial, separei algumas informações para você, confira!

 

Critérios de essencialidade

  • Na ausência do elemento, a planta não completa o seu ciclo de vida;
  • O elemento não pode ser substituído por nenhum outro;
  • O elemento tem efeito direto na sobrevivência da planta e não exerce apenas o papel de neutralizar efeitos físicos, químicos ou biológicos desfavoráveis para o vegetal, com a sua presença no meio.

Pesquisadores da nutrição de plantas utilizaram esses critérios para a determinação dos nutrientes considerados essenciais.

Até o momento foram descobertos 17 elementos essenciais, dentre estes 9 são macronutrientes e 8 são micronutrientes.

 

Macronutrientes essenciais

Os macronutrientes considerados essenciais são: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio e enxofre.

 

Micronutrientes essenciais

Já os micronutrientes essenciais são: cloro, manganês, boro, zinco, ferro, cobre, níquel e molibdênio.

Nutrição de plantas: funções dos nutrientes essenciais

Para facilitar o entendimento das funções dos nutrientes nas plantas, vamos dividi-los em  quatro grandes grupos de acordo com a similaridade de suas funções principais. 

 

Grupo I - Nutrientes que fazem parte de compostos de carbono

 

Nitrogênio

Este é o nutriente requerido em maior quantidade pelas plantas, compõem de 2 a 6% da matéria seca das plantas.

Principais funções:

Constituinte de aminoácidos, proteínas, enzimas, coenzima e nucleotídeos.

Este nutriente é necessário em qualquer fase do desenvolvimento das plantas, sendo muito importante em períodos vegetativos e reprodutivos.

 

Enxofre

Este elemento é encontrado no solo nas formas orgânica e inorgânica.

Contudo, a maior quantidade de enxofre disponível no solo está associada a matéria orgânica.

Principais funções:

Componente da cisteína, cistina, metionina e proteínas. Constituinte de ácido lipóico, coenzima A,tiamina pirofosfato, glutationa, iotina, adenosina-5'-fosfosulfato e 3-fosfoadenosina.

Para sua reação, o íon sulfeto é ativado mediante reação com ATP. Esse elemento químico entra na composição das proteínas, sendo também ativador de certas enzimas.

Também auxilia as plantas na tolerância ao frio e a doenças, para leguminosas também melhora na nodulação e fixação do nitrogênio.

 

Grupo II - Nutrientes que são importantes na armazenagem de energia e na integridade estrutural

 

Fósforo

O fósforo depois do nitrogênio é o elemento que mais tem limitado a produção das plantas, entretanto, representa menos de 1% da matéria seca das plantas.

O fornecimento de fósforo para as plantas acaba sendo muito superior à demanda das plantas, pois este nutriente é facilmente imobilizado no solo.

Assim, o cultivo consegue absorver uma quantia muito menor do que foi fornecido na adubação.

Principais funções:

Componentes de fosfato açúcares, ácidos nucléicos, coenzimas, fosfolipídeos, ácido fítico, etc. Tem papel central em reações que envolvem ATP - trifosfato de adenosina.

Sua atividade principal está relacionada com a floração, a frutificação, o desenvolvimento das raízes e a maturação dos órgãos vegetativos.

Além de ser elemento constitutivo de várias moléculas, também atua no processo de armazenamento, conversão e transferência de energia.

 

Boro

Este é o micronutriente que apresenta maior deficiência nos solos do Brasil, principalmente em culturas como algodão, tomate, café, eucalipto e videira.

Principais funções:

Complexos com manitol, ácido polimanurônico e outros constituintes das paredes celulares. Envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos nucléicos.

Atua diretamente na absorção e transporte de água, crescimento vegetal, pegamento de flores, desenvolvimento de sementes, fixação de nitrogênio e tolerância a doenças.

 

Grupo III - Nutrientes que permanecem na forma iônica

 

Potássio

Esse elemento é muito solúvel e possui baixa afinidade com os complexos orgânicos, por isso é facilmente trocável.

Assim encontra-se em sua forma iônica livre, sendo o cátion mais abundante nos vacúolos e citoplasma. Também está presente em sua forma livre na seiva e tecidos condutores.

Principais funções:

Mesmo podendo ser constituinte de algumas moléculas sua principal função é a regulação.

Atuando na ativação enzimática, fotossíntese, balanço hídrico, síntese de amido e proteínas. Além de aumentar a tolerância a estresses bióticos e abióticos.   

 

Cálcio

Este elemento é absorvido e transportado na forma iônica e sua mobilidade é muito maior no apoplasto do que no simplasto. Mesmo sendo absorvido em grandes quantidades, seu teor nos tecidos vegetais está próximo a 0,1 e 7,0%.

A maior parte do cálcio celular acumula-se nas mitocôndrias e vacúolos.

Principais funções:

Constituinte da lamela média das paredes celulares, atuando na permeabilidade seletiva da membrana e ativação da amilase.

Requerido como cofator por algumas enzimas envolvidas na hidrólise de ATP e de fosfolipídeos. Atua como mensageiro secundário na regulação metabólica. Também regula a acidez da seiva.

 

Magnésio

Este elemento tem grande mobilidade nas plantas, e é geralmente encontrado em sua forma iônica no vacúolo. Em menores quantidades encontra-se na lamela média.

Principais funções:

Constituinte da molécula de clorofila. Requerido por muitas enzimas envolvidas na transferência de fosfatos. Ativador de enzimas para a síntese de DNA e RNA e fixação do CO2.

Também possui papel estrutural nas membranas, especialmente em organelas.

 

Cloro

O maior conteúdo de cloro no solo está na forma iônica de cloreto, disponível na solução do solo.

Principais funções:

Requerido para as reações fotossintéticas envolvendo a evolução de O2, síntese de aspargina, amilases, estimula a ATPase no tonoplasto. Além de influenciar na fotossíntese, tem um papel muito importante no equilíbrio elétrico da planta.

 

Manganês

A maior importância deste nutriente é porque ele auxilia na formação da clorofila mesmo não estando presente em sua composição.

Principais funções:

Requerido para a atividade de algumas desidrogenases, descarboxilases, quinases, oxidases e peroxidases.  Envolvido com outras enzimas ativadas por cátions e na evolução fotossintética de O2. É essencial na respiração e metabolismo do nitrogênio.

 

Grupo VI - Nutrientes que estão envolvidos em reações redox

 

Ferro

Esse nutriente é absorvido na forma do íon ferroso (Fe2+), mas em condições de solo alcalino sua solubilidade é muito baixa o que prejudica a absorção das plantas.

Contudo esse fenômeno é muito incomum no Brasil devido a natureza predominantemente ácida de nossos solos.

Principais funções:

Constituintes de citocromo e ferro-proteínas não-heme envolvidas na fotossíntese, fixação de N2 e respiração.

 

Zinco

Este elemento é um componente comum das rochas ígneas e sua presença no solo não está diretamente ligada com a disponibilidade para as plantas.

Por isso mesmo que o solo apresenta teor dentro da faixa de necessidade a cultura a análise foliar é a chave para ver a necessidade de suplementação. 

A disponibilidade deste elemento também é influenciada pela pH do solo, sendo mais disponível em solos ácidos.

Por isso, a super calagem pode ocasionar deficiência de zinco.

Principais Funções:

Constituinte de álcool desidrogenase glutâmica, anidrase carbônica, etc. É também essencial na síntese do triptofano e do ácido indol-acético (hormônio vegetal). Além de auxiliar na tolerância a doenças.

 

Cobre

O cobre é requerido em baixas quantidades e de modo geral não apresenta deficiência em solo brasileiros, já em excesso pode ser muito tóxico às plantas por isso cuidado ao recomendá-lo.

Principais funções:

Componente do ácido ascórbico oxidase, tirosinase, monoamina oxidase, uricase, citocromo oxidase, fenolase, lacase e plastocianina.

 

Níquel

O Níquel foi o nutriente que teve sua essencialidade comprovada mais recentemente.

Principais funções:

Constituinte da urease. Em bactérias fixadoras de N2, é constituinte de hidrogenases.

 

Molibdênio

Este nutriente aniônico é originário da decomposição de rochas. Pode esta ocorrer no solo de 4 formas: retido na estrutura de minerais (não disponível); parcialmente disponível ou trocável, absorvido nas argilas; ligado a matéria orgânica; solúvel em água (disponível na solução do solo). 

Principais funções:

Constituinte da nitrogenase, nitrato e xantina desidrogenase.

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Nutrição de plantas: sintomas de deficiência

Ao lado você pode ver os sintomas de deficiência desses nutrientes para poder identificar mais facilmente esse tipo de problema na lavoura.

Vale lembrar que quando os sintomas estão presentes visualmente na planta, é provável que ocorra alguma redução da produtividade. Por isso, a importância da análise de solo e uma recomendação de adubação.

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Nutrição de plantas: lei do mínimo de Justus von Liebig

Justus Von Leibig instituiu a lei do mínimo baseado nos critérios de essencialidade dos nutrientes, assim ele afirma que o crescimento e desenvolvimento das plantas é limitado pelo nutriente que se encontra em menor quantidade em relação às suas necessidades.

Após vermos todas as funções que os nutrientes essenciais exercem nas plantas, é mais fácil compreender que a deficiência de qualquer um desses nutrientes, mesmo que os outros estejam em níveis ideais, pode ser muito prejudicial à produtividade das culturas.

Para melhorar o entendimento desta lei podemos ver sua representação gráfica que mostra como a deficiência de um nutriente essencial já é suficiente para uma grande perda produtiva.  

Conclusão

Compreender sobre a nutrição de plantas é muito importante para a recomendação correta do manejo de culturas.

Vimos, neste artigo, o que é um nutriente essencial e suas principais funções nas plantas. 

Além disso, você pode conferir a principal lei da fertilidade, baseada na essencialidade de nutrientes.

Espero que essas informações ajudem você no manejo nutricional das culturas.

Você costuma se atualizar sobre nutrição de plantas? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário abaixo!

 

Elaboração do artigo: Henrique Fabricio Placido

 

Redator Emergir, Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), mestre em Fitotecnia pela ESALQ/USP. Especialista em Gestão de Projetos pela mesma instituição. Atualmente, doutorando em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com ênfase em proteção de plantas.

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